domingo, 30 de setembro de 2007

A fada rosada do lago

Era uma vez, um lindo menino pequeno de 10 anos e 7 meses. Ele morava sozinho numa linda choupana pequena, geograficamente localizada na latitude 207, longitude 428,3. Um lindo e pequeno bosque rodeava sua modesta e aconchegante habitação. O menino tinha medo do escuro, e por isso não tardava a dormir. Temia os domínios da Lua. Mas à noite ele sonhava com o Sol do meio dia. E então resolveu sair. Para o gramado dos unicórnios. Sob o sol, o alento. Era tudo muito lindo, e não iria ele se perder, pois o bosque era tal como um jardim pequeno.

Caminhando, o menino encontrou um lindo lago. Era molhado de água doce e azul, e também era pequeno. E então ele resolve colocar os pés já desnudos na água. Mas a água, com o toque dos seus pés tornou-se turva, e o céu escureceu, e o menino começou a chorar. Voltou correndo para a choupana. Logo adormeceu, e em sonho uma fada rosa, linda e pequena lhe disse para não ter medo do lago que o criara. De manhãzinha, o menino, ainda assustado, e ainda lindo mesmo assim, retorna ao lago, pois as fadas lhe indicavam o caminho. Outra vez tocou a água com os pés pequenos. E a água escureceu, e o céu se manchou de preto, e choveu um sal gelado. Em profundo desespero, o menino voltou correndo espanto para casa. A choupana em desalento o acolheu.

Logo o sono, e a fada rosada de seus sonhos. E então, a voz: “Eu sou o seu sonho. O sonho que alimenta a sua vida. Deverás voltar ao lago”. O menino amanhece em sobressalto, mas logo encontra um lindo amuleto que reluz rosado. E em estado de deslumbre reconhece o presente singelo de sua fada. Veemente em sua fé e firme em seus passos, o menino retorna alegre ao lago. Sem mesmo hesitar seus pés encontram água, e a água é limpa e fresca. E o espelho assim reflete a sua imagem. E dela surge a fada linda, bela, tão pequena em laços, rosa. E ela toca com as mãos pequenas o amuleto que o menino fortemente segurava.

Seus olhos eram água. O sal era a alegria de uma vida que surgia inquietante. Pululavam-lhe as pupilas pequeninas. E então, as mãos de sua fada crescem escurecidas a sugar-lhe as energias. E mais rápido que amendoim torrado, toda a figura dela se transforma. O lago violento e turvo dá forças ao monstro horrendo que outrora fora o Sol de um dia ensolarado. Céu escuro, e a fada era um polvo imenso que lhe tingia os pés de cinza, tentando tragar-lhe para o abismo. O menino era lindo até tremendo. Pois nem mais chorar podia. Pedia pelo Sol, por um milagre, por uma lágrima. Olheira qualquer, mas que nada. Parava. Parado, no nada. E o nado do polvo o fez delirar mancando. Até que o mundo, e tudo, e todos, depressinha deram de ser um tremendo e absurdo apocalipse: O menino em sua cama se partia. O mundo era agora todo feito e decorado. De algodão rosado e doce de esplêndida candura. E foram felizes para sempre.

Um comentário:

biel madeira disse...

... mas esse é o melhor!