domingo, 30 de setembro de 2007

Despedida

Tua dor é o nada. O que sentes, pensa e sofre é a garoa, é a névoa informe, não importa. Não tenta te explicar, tua dor não vale o ópio que procuras nas noites de insônia. Chora
sozinho, da névoa para a névoa, e as árvores te farão sombra e companhia durante o dia. À noite tenta deitar e sonhar, pois o dia escurece cedo, a claridade é um suspiro medroso, ferida aberta e exposta aos males e cuidados da Lua de um céu em pedaços.

As estrelas se repartem em teu peito, pois mesmo assim és a estrela. És a estrela de mil pontas, e moras nos pedaços de minha alma que já não se percebe (e eu que nem sei se monstro sofre, se monstro tem alma...). Não percebes que aos poucos morro, e amanheço morta a cada manhã: A espera dessa minha estrela que se atrasa. Não chega, onde está, onde estaria... E espero amarga pela resignação terrena, esmola dos deuses e corrosão sublime e esparsa, em pedaços minha alma, em pedaços... Sempre o mesmo, o mesmo no mesmo lugar. O nada insiste, sempre vem me resgatar...

Quero me despedir devagar, porque no fundo eu sei que queria ficar... Por que estou fugindo de mim mesma, fugindo para o mesmo, o mesmo num outro lugar.

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