Eu achei que era o céu, mas eu só era o reflexo cinzento do azul mais profundo do mar. Eu achava que era reflexo, mas era apenas uma sombra. Eu achava quer era o sono, que era a ti dormindo após injetar líquidos doloridos. Mas eu era o próprio líquido, e tu é quem eras o sono. Eu achava que poderia mudar o mundo. Quem nunca achou? Mas como mudar as luas e os carros e as marés? Orgânico demais. Sou tudo ao mesmo tempo. Sei que também não sou nada. Mediana. Expressivamente mediana. Especializo-me: Sou a margem, os rochedos, um pardal no Índico distante. Sou tudo quanto eu poderia ser, na medida em que te aproximas dos meus calcanhares. E ao piscar pálpebras e olhos, sou a superfície de um lago antigo. Milhares de anos depois, eu ainda estarei lá. Ninguém saberá, tão mudada estarei. Mesmo assim, serei a mesma, e ainda saberás exatamente onde me procurar.
2 comentários:
é, eu sei onde...
Qude lindo !;-)
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