Às vezes é preciso, Paulo, retirar-se do mundo. Abrigar-se em águas claras e esquecer, por alguns instantes, de que há coisas das quais não podemos fugir. E nesse meio tempo, deixemos apenas, Paulo, que a natureza, através das recônditas memórias humanas, aja sobre os seres, transformando-os e cumprindo a sua missão.
(Dizem que a comunicação entre os homens é das maiores dádivas terrenas. Muito tenho a questionar. Menores as palavras, maiores os desentendimentos).
Ao olhar para o teu rosto e ouvir as tuas palavras, meu coração se encheu de uma alegria que eu não conhecia. (Há coisas que não podemos fingir). Mas os teus olhos estavam distantes. Acabaram de voltar de uma longa peregrinação, e lá muito sofreram. Teus olhos desejavam as brumas. Mesmo assim, expressavam os traços da paz.
E desde então, sigo, Paulo, enfeitiçada pela tua respiração, a evocar as águas claras e longínquas de Avalon. Enquanto eu puder sentir o pulsar dos teus olhos. E para tanto, Paulo, acredite: Não é necessário deixar a cidade...