sábado, 15 de dezembro de 2007

O Elo Perdido

Ela me insultava, e era uma vilã muito violenta. E ela lutava por um mundo desigual, pois prezava, acima de tudo, a originalidade. E pregava contra a rebeldia. E contra a desordem desajeitada dos enjeitados. E ela também me usava todas as vezes que fingia fazer parte da minha vida! Sua importância crescia à medida que o distanciamento derradeiro aumentava os passos de sua marcha macabra e tendenciosa.

Enquanto isso, eu cuidava de arrumar um namorado pra ela. Pois eu sei muito bem que toda menina que quinze anos sonha encontrar um homem pra passear por aí... Um homem de uns 16, 17... Mostrável ao público e à alma... Aplicável aos seus olhinhos de goiaba madura! E ele seria alto, magrinho, de cabelinhos caindo sobre o rosto angelical... E ele adoraria os mesmo desenhos dela, e ela aprendera comigo a amar o excêntrico das melodias avassaladoras. (Um músico árabe ancestral já definira melodia como um conjunto de notas apaixonadas entre si).

Convoquei o nobre enamorado para ser o meu jovem servo. Ele seria uma ponte entre nós. Entre mim e ela – ele. A ela os primeiros suspiros e as primeiras carícias da mocidade. A mim as informações necessárias à configuração de um inquérito policial! A ele chamarei Acácio. E a ela, Brumalina.

Acácio e Brumalina – leria-se no convite da formatura. Pena ela já ter se formado antes mesmo de encontrá-lo!... Entretanto, todo o jogo é perigoso. Acácio se apaixonara! E ela, não fosse o medo do desconhecido, também se entregaria. Amavam-se!... Acácio me entregou a ela, e fui excomungada. Essa não!...

Não desisto. Hei de encontrar método mais eficaz para reencontrar Brumalina... E para reconquistar a coragem de Acácio. Eu lutava para que a ponte fosse permanente e devidamente instaurada. Cansara-me do suplício individualista, repleto de reclames e de tentações misantrópicas... Sublime a maioridade!... Quero mesmo é a paz universal!... Ah, se fosses minha, Brumalina... Eu jamais teria conhecido Acácio!... E até quem sabe eu já seria uma modelo.

Um comentário:

biel madeira disse...

"olhinhos de goiaba madura!"
valeu o conto! lindo lindo lindo!

(Gu)