sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Quando eu fiz ele cair das nuvens

O chamado fora atendido. Pois embora muito tempo tenha se passado, ele estava perto. Do meu lado. Como se os ponteiros não tivessem nunca mais existido por quase uma longa e impiedosa semana. Só faltou eu tropeçar nele. Estava em todos os lugares. E como ele estava... Eu vi! E pasme – sozinho. S-O-Z-I-N-H-O. De propósito. Só pra me provocar, pois sua blusa novamente tinha dois bolsos, um de cada lado. Olhar taciturno e preciso. Pra dentro da vida. E o sorriso. Um tantinho embaraçado, é verdade... Movimento amortecido dos lábios, dos músculos, das veias. E eu vendo tudo isso na minha frente, ah, Deus meu... Era demais para uma mulher tão pequena. Me confundem até com criança... Posso eu ver a vida sem censura?!... Já faz tempo que não se respeita o “proibido para menores”. Mas eu era velha demais para tantas novidades.

E o sorriso. De novo. Um aceno... Bem sofrido. Com vontade. Eu só podia era derreter. Desejei não estar de blusa. Desejei nunca saber o que era uma blusa. Só porque eu passava com pressa. Pois nessa vida não se pode parar: A gente acaba derretendo. Que nem calota polar. As mãos, elas ficavam escondidas como forma última de provocação. Assim já era demais. Agüentei mais não! Corri até as estrelas. Bem rápido. Voltei antes mesmo de ter saído. Pra não me acusarem de feitiçaria. O mundo já está cheio de charlatões. Em todas as seções, em todos os corredores. Em segredo. Nas criptas do meio da semana. Onde o nome outrora apagado é revivido para honrar o compromisso primeiro da renúncia.

E eu sabia que a verdade era a desgraça. Nada disso que pensaste. Bah! Fundo do poço, mas que nada! Passarinho com seu canto me tirara de lá. Uma dor insuportável, que crescia descendo pelo corpo. Eu sabia que poderia ser feliz a qualquer momento... (Iiiiih – passarinho assassino da clausura). A meus pés, o homem delicado. O homem dos graves Mistérios. Ele que nascera da terra. E crescera para mostrar o pêndulo da vida: E eis que estava lá, o tempo todo... A felicidade a qualquer momento. Eu poderia... Faltava muito não. Mas então, o dia acabou. Ele estava muito assustado. Só eu sabia. Apesar da sua calma. Do seu pesar. E do meu cansaço... Igual ao fim do dia... Ao meu lado, eu poderia (...) Passarinho se foi cantando, Iiiiih. Tem mais não.